Acordamos e tomamos "aquele" café da manhã "argentino", com um bom café aguado e 3 "media lunas"... já estávamos acostumados. Pegamos as motos e seguimos para o parque! No dia anterior, no Centro de Visitantes, pegamos informações de preços e como deveríamos fazer para entrar no parque, andar no trem e etc. Fomos mais cedo pois é mais tranquilo, mesmo assim, quando chegamos à estação do Trem, já haviam lá uns 3 ônibus de turistas. Nada problemático, o trem sai em 2 horários, um as 9 da manhã e outro as 15 e o da tarde dizem ser ainda mais cheio.
No guichê para comprar a passagem do trem (AR$ 130 cada) já adquirimos a entrada do Parque (AR$ 65 cada). É caro, mas estando lá, vale a pena por que o passeio, além de histórico é maravilhoso.
O trenzinho era usado para transporte dos presidiários. É bem pequeno mesmo, usando vagões feitos em madeira, que os próprios presos fabricavam e uma distância bem pequena entre os trilhos, 60 cm. É puxado por uma "Maria Fumaça", que vai levando o tal pelo linha montada dentro do parque na época do presídio, passando por rios, estepes, montanhas, enfim, passeião, vale a pena!
Essa foto foi tirada por um turista Italiano que também tem uma DL
O trem para apenas uma vez no trajeto de ida, na estação Macarena e depois, no fim da linha, faz uma manobra para pegar os vagões por trás e voltar. Essa manobra é feita com o auxílio da tripulação:
No braço mesmo!!!!
Depois, como a maioria dos turistas seguem a viagem com seus ônibus que já os esperam na estação final, voltamos praticamente sozinhos, na 1ª Classe, lógico, na companhia de um dos tripulantes, que veio nos contando as histórias do trem, falando sobre a vegetação e etc. A Chris, que é formada em biologia perguntou pro cidadão: "aquela plantinha, pode comer???", hehehehehe, o cara não sabia o que falar, deve ter achado agente um tanto estranho!!! Vai ficar na nossa história essa!
o tripulante assustado com a "fome floril" da Chris que tirou essa foto!
Depois do passeio no trem, era hora de chegar ao último milímetro de asfalto, ou de rípio, da Ruta Nacional 3, na Bahia de Lapataia, muita emoção pelo significado! Tantas fotos vistas de gente ali naquela placa, tanta leitura sobre o local, sobre as viagens de moto ou barco por ali, eu estava bem feliz!
Entramos no Parque Nacional e pedimos uma foto do guarda, na guarita:
Acho que a cara de bobo era tanta dos dois Motociclistas Brasileiros que o cara deve ter pensado: "deixa eu tirar logo isso pra esse bando de doido entrar!".
Estávamos rindo, felizes de estar ali, juntos! Enfrentamos tanta coisa, mesmo que para alguns seja pouco, como disse "para cada um o desafio é diferente, as condições são diferentes", para nós significava muito aquele momento!
Para mim, remetia há um passado próximo, quando fizemos nossa primeira viagem juntos, com chuva, para o Sul de MG, imagina, em pouco mais de 4 anos estávamos ali, na frente do guarda do Parque Nacional da Tierra Del Fuego, tirando uma foto com cara de tonto, nossa, foi muito bom! Foi a consagração da nossa viagem, da nossa vida juntos, do nosso comprometimento e perseverança, da nossa cumplicidade! Pode ser piegas, mas pra mim foi tudo isso e muito mais... não conseguiria descrever aqui!
Bom, voltando, na tal placa conseguimos apenas ir nós dois, sem as motos por que haviam muitos guardas do parque e eles, na verdade, não permitem isso, mas lá fomos e lá estivemos:
Nem preciso falar que a chegada das duas motos, com uma sendo "domada" por uma mulher, foi uma comoção no lugar! Chegamos junto com vários ônibus de turistas, vans e carros, e vários vieram tirar fotos, perguntar se ela tinha vindo do Brasil pilotando, essas coisas! A Chris finalmente era "popstar", hehehehe!
O pessoal que estava nesse mirante ficou comentando de nós! Sabe lá o que pensavam, hehe!
E essa pra mim é a foto mais importante: o final da RN 3, a placa de verdade que indica o km! Viemos vendo as placas desde Buenos Aires....essa nos importava muito:
Primeiro objetivo da viagem cumprido! Metade da viagem feita! Agora comemorar: "cadê a tal da Centolla" vamos comer uma já!!!
Voltamos ao Hotel, deixamos as motos paradinhas, uma ao lado da outra, mais perto da rua, mais à vista do pessoal do Hotel para não ter perigo.....que burro, vou contar jajá o por que!
Fomos, novamente indicados pelo pessoal do Hotel, à um restaurante que servia a tal Centolla. É um siri, mas um sirizããão, como o da foto:
a cerveja Argentina é ótima mas deixa a pessoa meio sem noção, hehehe
Comemos o tal siri, que nada mais é que um "baita" siri, com a diferença de ser mais caro, e derrepente começa a ventar, mas ventar de verdade.
Fiquei com a impressão, depois dessa viagem, que o vento forte aqui no Brasil é diferente. Poderia usar como definição o seguinte: aqui você vê o saquinho voando, mas ele voa até meio romântico, numa parábola descendente, lindo; lá não, lá o saquinho passa em linha reta, como um carro de F1, hehehe, exagerado mas é verdade!
Enfim, começou o tal vento quando estávamos terminando de comer. Na hora falei pra Chris que as motos estavam mal estacionadas e que com esse vento cairiam. Dito e feito! Saímos do restaurante que estava há uns 2 kms do Hotel e fomos correndo (força de expressão, por que correr com um sirizão na "pança" e cerveja na cabeça é demais) pra ver o que tinha acontecido. Chegando no Hotel as motos já estavam paradas em outra posição. Haviam tombado, uma em cima da outra, resultado: 1 retrovisor, 1 peso de guidão torto, 1 suporte de baú torto (o baú nem ralou) e alguns risquinhos a mais nas nossas queridas, nada apavorante, mas demandou um trabalhinho pra deixar elas em ordem.
Com toda a calma do mundo, agradecemos o pessoal do Hotel e subimos para pegar os capacetes e ir atrás das peças que precisaríamos para as motos. Logo que chegamos no apartamento, liga o atendente do Hotel me dizendo que o "Señor Gaspar" me aguardava lá embaixo! Putz, que emoção, o Gaspar chegou em Ushuaia!!! Demais!
Esse cidadão, o Sérgio Gaspar, eu conheci há pouco tempo, atravez do Policarpo Jr do Rock Riders.
É um daqueles "super motociclistas" que viram seu ídolo rapidinho! Com muitos kms "nas costas", muita história pra contar e de uma humildade infinita! Fiquei sabendo que ele era Rotariano, e como temos um Grupo de Motociclistas Rotarianos, convidei ele para entrar no mesmo e acabamos por trocar alguns emails e criar uma amizade, mesmo que virtual.
O fato é que esse sujeito já havia empreendido esta mesma viagem e sofreu um acidente, na pior parte deste trajeto (veja a matéria a respeito aqui). Já sofri acidentes de moto também e sei que retomar a pilotagem nunca é fácil, e ele, após poucos meses do acidente, retomou a mesma viagem, então, imaginem a emoção, misturada ao receio, que ele sentiria ao entrar na cidade! E mais, imagine nosso sentimento, eu e da Chris, que vínhamos citando ele em várias partes do trajeto, em ter a honra de compartilhar com ele o momento da chegada! Tivemos esse prazer!
Gaspar, esse momento foi muito emocionante pra mim!
Depois, ainda com capa de chuva, sorrindo que nem uma criança, o sujeito ainda nos acompanhou à peregrinação às poucas lojas de acessórios de moto para procurar um retrovisor para a Rosinha, nos indicando e conduzindo à um lugar que ele havia passado na chegada, paciente no máximo sentido da palavra! Nota 10, ou como diz um amigo Argentino: 10 puntos!
Compramos o único retrovisor que existia na cidade (pelo menos foi a nossa impressão) após passar em algumas lojas e montamos uma pequena oficina no estacionamento do Hotel. Saquei o "kit gambiarra" do baú e nos pusemos à arrumar as motos. Ele também aproveitou para fazer alguns ajustes na moto que estava parada em Rio Grande por um tempo, esperando sua recuperação, foi muito legal!
Motos arrumadas, continuavam limpinhas, cheirosas, hora de comemorar mais uma vez, e agora com a presença ilustre desse cidadão!
Fomos à cidade para procurar um bom restaurante e acabamos encontrando novamente nossos amigos de Campinas, e dessa vez com mais motociclistas, do Sul, o Marcos e a Rose, que também viajam em 2 motos. Povo bom demaaaaais!
eu, a Chris, Edson, Gaspar a frente, Félix, Marcos, Rose e Rafael
Ficamos quase uma hora conversando e trocando experiências, emails, cartões, até que o momento que o Gaspar não aguentou mais de fome e fomos comer um bom "milanesa com papas fritas" no Tante Sara.
Dia perfeito pra finalizar nossa passagem pela "icônica" Ushuaia!!!!!
Só mais uma foto que não podia deixar de postar, sem maiores comentários, novamente os efeitos da cerveja Argentina!
Puxa André, que linda essa citação especial ao nosso amigo Gaspar... fiquei emocionado de novo... quero ler mais, quero mais!!! No aguardo dos outros dias!
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